Casarão da Rua Santo Inácio foi moradia de família por oito décadas
Por oito décadas, a família Bica residiu em linda mansão da Rua Santo Inácio, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Em 2016, os vizinhos foram avisados sobre a venda e o futuro da casa. Um homem com uniforme antigo dos carteiros, de bicicleta, levou uma carta assinada por Sérgio Bica, o último morador. A ação marcou o lançamento do empreendimento Paço Santo Inácio, da UMA Incorporadora, que decidiu restaurar a mansão e construir prédio residencial nos fundos do terreno.
O casarão em estilo eclético começou a ser construído antes de 1930. O renomado arquiteto espanhol Fernando Corona foi contratado pelo empreendedor Brasil Cesar. Com a obra inconclusa, em 1936, o estancieiro Alfredo Faria, de São Gabriel, comprou a residência e chamou o mesmo arquiteto para a finalização. Muitos materiais vieram da Europa, como azulejos ingleses, fechaduras belgas e mármores italianos.
Na carta, Sérgio Bica contou que, em 1937, a família inteira passou a morar no casarão comprado pelo avô, já que o pai, Cicero Saldanha Bica, fora transferido de Alegrete para continuar a carreira militar em Porto Alegre. Cinco gerações viveram no local. O imponente imóvel de três andares sempre chamou a atenção das pessoas que passavam em frente.
Os irmãos Antonio e Newton Ulrich, sócios da UMA Incorporadora, já admiravam há tempo a mansão. Em 2007, deram início a um projeto, que tem na essência o objetivo de abrir para a comunidade aquela linda residência, que nos faz voltar no tempo. Como dizem, é um empreendimento feito por paixão. O escritório da incorporadora já era vizinho da casa da família Bica.
Mansão da Rua Santo Inácio antes do restauro
UMA Incorporadora / Divulgação
No fundo do terreno, ergueram um edifício de 12 andares e seis subsolos, com 36 apartamentos, que começaram a ser habitados. A mansão está aberta para plantão de vendas, alguns eventos e moradores. A vizinhança também já aproveita para conhecer o interior da casa, que oferecerá espaço de coworking; salas de reuniões; salão de eventos culturais; memorial do bairro Moinhos de Vento e da própria residência; e café bistrô. Um subsolo foi construído para receber a cozinha, ampliando para 900 metros quadrados a área total do casarão.
Os irmãos Ulrich esperam ver tudo em operação até o final do ano, realizando o sonho de ter a mansão cheia de vida e preservando parte da história da cidade.
